Sobre o sintoma
- Ingrid Fleury
- 3 de mar. de 2024
- 1 min de leitura

O sintoma é, ao mesmo tempo: o que mais causa angústia; o que normalmente faz com que alguém busque análise; o ponto de partida que direciona o tratamento; e a melhor maneira pela qual a psiquê consegue se organizar para suportar o insuportável.
Como diz a escritora não-psicanalista mais psicanalítica que já que, Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
Claro que, durante a análise, um dos efeitos que se tem é a anulação de sintomas.
Isso não acontece como objetivo, mas como consequência da reelaboração de questões inconscientes, de narrativas, de formas de se colocar no mundo e de responder aos outros.
Depois disso, acaba não sendo mais necessário lidar com o insuportável e o sintoma se dissolve.
Durante nossa vida, outros "insuportáveis" vão aparecer e vão demandar resiliência e flexibilidade psíquica pra lidar com eles - e é aí que os efeitos a longo prazo da análise vão se mostrar. Mas isso não significa que em algum momento vamos alcançar uma "linha de chegada."
Até o fim vamos ter que elaborar e reelaborar nossas questões e nossa posição perante elas. O crescimentos é pra sempre. Ainda bem!